-Eu tenho quarenta anos e nunca recebi sexo oral.
É a primeira vez que Amanda fala essa frase. É um fato. Mesmo casada há quase vinte anos, ela nunca foi chupada. Enquanto ela reflete sobre o que acabou de dizer, Rafael sorri. Ouvir isso é música para ouvidos de um solteiro habituado a se envolver com as mulheres comprometidas, especialmente colegas de trabalho como Amanda.
-Bem, eu posso te ajudar com isso.
Amanda sabe que a frase é um clichê. Ela sabe da fama do colega. Sabe que as coisas que ele tem dito a ela nas últimas semanas fazem parte do seu arsenal de conquistas. Ela ouviu o relato de outras colegas que passaram por isso. E ouviu também que ele trepa bem. E é isso que importa para ela.
-Desde que não me comprometa, eu quero sua ajuda.
Rafael comemora sem demonstrar. Amanda tem um corpo bem feito e se cuida. É bonita, charmosa e inteligente. O tempo investido na conquista valeu a pena.
Ele dedica o primeiro encontro a fazê-la gozar com o sexo oral. E é muito bem sucedido nisso. Amanda se entrega e experimenta o sexo de uma forma inédita para ela. Trepam como dois adolescentes. Os vários orgasmos a fazem querer novos encontros.
Rafael assume o papel de mentor e Amanda aproveita para experimentar. Sua bunda é visitada pelo cacete de Rafael e ela descobre que o sexo anal pode ser muito prazeroso. Quanta diferença daquela única vez que o namoradinho da adolescência meteu afobadamente em seu rabo.
-Quer beijar uma mulher?
A pergunta de Rafael pega Amanda de surpresa. Não é uma coisa que está em sua lista, mas por que não?
-Quero, mas tenho medo dela contar para alguém.
-Deixe isso comigo.
Articulado e até ardiloso, Rafael já tinha a pessoa em mente. Rapidamente organiza o encontro e mata sua vontade de um ménage feminino. Amanda e Fernanda se dão bem, se divertem e o encontro é prazeroso.
Aos poucos ela vai completando sua lista de desejos e fantasias. As que ainda faltam são mais complexas e exigem uma logística maior, como a visita a uma casa de swing. Amanda não quer se arriscar a fazer isso em sua cidade. Não quer encontrar um conhecido nessa situação.
Mesmo com chefes diferentes, eles conseguem organizar uma viagem a trabalho para São Paulo na mesma data. É a oportunidade perfeita para os amantes. Mas a experiência fica aquém das expectativas. O local escolhido não está com seu melhor público e Amanda se desaponta. Ao casal, resta se divertirem entre si.
As semanas, os meses e os encontros se sucedem. O entusiasmo, a novidade e a mágica dos primeiros momentos vão ficando para trás. A sensação de preenchimento dá lugar a um novo vazio. Aos poucos, Amanda percebe que a solução é temporária, para um problema permanente.
Lidar com a falta de habilidade sexual do marido ou se separar dele? Os filhos pequenos e a admiração por ele em outros aspectos tornam fácil a decisão: ela vai ensinar seu marido a trepar.
Seu primeiro passo é bem calculado. Um final de semana a dois, em um chalé na serra. Um quarto com banheira. Lá, num banho de espuma regado a vinho, ela começa a sua jornada:
-Pedro, eu tenho um assunto importante para conversar com você.
-O que foi, Amanda? Algo com as crianças?
-As crianças estão bem. Eu é que não estou.
-O que você tem? Está doente?
-Eu sinto falta de sexo, Pedro.
A clareza e a firmeza na fala dela assustam, enquanto o acolhimento e o carinho em seu olhar tranquilizam. Mas ele não responde, e ela segue firme:
-Nós precisamos falar sobre isso, Pedro. Podemos?
-Sim, Amanda. Podemos.
-Você está satisfeito com a nossa rotina sexual?
-Amanda, eu não vejo problemas.
-Bem, Pedro, eu vejo. Eu te amo. Mas estou insatisfeita sexualmente. Preciso de sua ajuda.
-O que eu posso fazer, querida?
-Aprender. Você está disposto?
-Sim, estou.
-Ótimo! Eu estou disposta a ensinar e aprender junto com você. Vamos fazer isso juntos, tudo bem?
-Sim, tudo bem.
-Para começar, eu encontrei um curso online sobre maneiras de dar prazer a seu parceiro. Assinei e faremos o curso. Sempre que aprendermos algo interessante, vamos praticar no outro. O que acha?
-Parece uma boa ideia, Amanda.
-Eu também acho, Pedro. E enquanto não começamos o curso, há algo que eu quero te perguntar. É algo íntimo, posso?
-Pode, querida, claro que pode.
-Você tem nojo de me chupar?
A pergunta direta e dura choca Pedro. Ele nunca teve esse tipo de conversa com qualquer pessoa e nunca se imaginou tendo essa conversa com a esposa. Disposto a fazer o que for necessário, ele não foge:
-Não, não tenho. Só não me sinto confortável em fazer isso.
-Bem, pois hoje você vai lidar com seu desconforto e vai me chupar.
Amanda senta-se na beirada da banheira, toma um longo gole de vinho, molha os dedos na taça e se toca, molhando seus lábios com um pouco de vinho.
-Venha, Pedro, venha beber vinho em mim.
Pedro se aproxima. É tudo muito novo para ele. Amanda percebe isso e o acaricia, direcionando suas ações. Ele não tem a técnica e a experiência de Rafael, mas é um aluno dedicado e Amanda gosta disto. O primeiro orgasmo na boca do marido acontece ali na banheira.
As lições se sucedem. Pedro aprende algumas coisas no curso, mas só coloca em prática com iniciativa de Amanda. Ela o apresenta aos brinquedos sexuais, aos pouquinhos. Ele aprende a usá-los com ela. É um processo lento, com avanços aqui e acolá. Amanda reconhece o esforço do marido.
Dar a bunda para o marido é uma meta ousada, nesse cenário. Amanda encara o processo com diligência. Começa apresentando a ele mais um brinquedo: o plugue anal. Ele aprende que a esposa sente prazer naquela área do corpo. Aos poucos o plug se torna presente nas trepadas do casal. Chega o dia esperado. Amanda se coloca de quatro e abre a bunda com as mãos. Pedro sabe que ela quer o plugue, mas ela o surpreende:
-O plugue não, amor. Quero seu pau!
Pedro se surpreende. Amanda se lembra da reação de Rafael quando a viu naquela mesma posição. Mas não é Rafael que está ali. É Pedro. Mesmo surpreso, ele não decepciona. E em poucos minutos aquele rabo gostoso recebe seu terceiro cacete! Os alunos estão aprendendo e avançando rápido.
Há limites para Pedro. Em uma viagem da família à São Paulo, Amanda vê a oportunidade de visitar uma casa de swing com o marido. Ciente de que essa informação pode ser muito impactante, ela começa com algo mais simples:
-Pedro, vamos deixar as crianças com eles com meus pais e visitar uma balada?
-Balada?! Em São Paulo?! Amanda, isso é muito perigoso. Eu não consigo.
Além da fala, ela percebe os sinais corporais. Estar em ambientes com muita gente é um desafio enorme para o marido. Ela recua.
-Bem, então podemos ir jantar só nós dois, o que acha?
-Sim, querida. Onde você quer ir?
-Vou pesquisar.
Minutos depois, Amanda envia o cardápio de um restaurante que ela quer conhecer há algum tempo. Pedro devolve enviando o cardápio de um dos melhores motéis de São Paulo. Surpresa, Amanda responde:
-Sua opção é muito melhor do que a minha. Vamos logo!
Os encontros com Rafael ficaram no passado. Amanda entende as limitações do marido. Seu desafio é diário e ela segue firme no seu propósito de ser feliz e ter uma vida sexual satisfatória com Pedro.
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