A foto não era das melhores, mas Antônio se mostrou interessado, com uma conversa até respeitosa e, depois de muita insistência, convenceu Roberta. Já sem idade para muitos rodeios, combinaram que o primeiro encontro seria no motel.
Ele foi buscá-la em casa. Parecia uma boa ideia até ele chegar em um Fiat 147. Ela ficou parada, olhando um tanto assustada, e ele desceu para abrir a porta. Roberta achou que era um gesto de gentileza, mas o fato é que a porta não abria. Antônio teve que usar uma chave de fenda. Roberta entrou, sentou e ele não conseguia fechar. Foi ao porta-malas e voltou com um pedaço de borracha preta que usou para amarrar a porta.
Ele entrou, cumprimentou Roberta e seguiram. Ela tentou puxar assunto, mas o barulho do automóvel não permitia nenhuma conversa. Não tinham combinado em qual motel iriam e Roberta preferiu deixar a escolha a cargo dele. Antônio passou na frente dos melhores, virou à direita, pegou uma rua de terra e entrou no Motel Estrelas. No mesmo instante em que Roberta atônita avaliava o local, Antônio negociava um desconto com a recepcionista. Sem sucesso, ele pediu ajuda:
-Vai faltar vinte reais, você completa?
Meio passada com a situação, Roberta concordou.
Ele estacionou o carro na frente do quarto, que não tinha garagem, e entraram. Suada, Roberta procurou o ar condicionado, que não existia. Ele veio logo em seguida e, mostrando já conhecer o local, ligou o ventilador de teto. Ficou olhando uns dois minutos para o ventilador, concentrado. Depois se virou para ela e disparou:
-Parece que não vai cair.
Para matar a sede, Roberta pegou uma água no frigobar. Ele não disfarçou seu olhar de reprovação. Ela o acalmou:
-Eu pago, pode deixar.
Antônio esperou ela terminar, pegou a garrafa de suas mãos e disparou:
-Ninguém vai pagar.
E foi ao banheiro, encher a garrafa na pia.
A transa foi boa, apesar do receio dela de que o ventilador pudesse despencar em cima deles. Antônio se mostrou bastante esforçado. Fez e aconteceu. No final, começou a olhar no relógio e alertou:
-Temos mais dez minutos.
Eles aceleraram os trabalhos e faltando dois minutos ele pediu a conta.
-Me dá os vinte reais, ele pediu.
Antônio saiu e foi pagar a conta, enquanto Roberta terminava de se vestir.
A volta para casa foi épica: o carro não ligava e Roberta teve que empurrar. Caiu no chão ao fazer isso e ficou toda suja. Sem o tesão de antes da transa, o cheiro de combustível dentro do carro causava náuseas nela. Roberta pediu para parar e vomitou colocando a cabeça pela janela. Antônio desceu, não para ajudar, mas para checar se ela não tinha sujado o carro.
Quando chegaram na esquina da casa dela, ele parou e disse:
-Melhor descer aqui, daí eu não preciso dar a volta. Estou com pouco combustível.
Roberta chegou em casa, tomou um banho de mais de uma hora para tirar o odor de gasolina do cabelo. Ela já se preparava para deitar, quando chegou a mensagem dele:
-Vamos nos ver de novo no sábado? Você paga dessa vez, tá?!
Ela bloqueou.
Antonio pecou em pequenos detalhes. Me pareceu impessoal. Mas gostei da pitada de humor na história.
Ele é apenas um homem simples. Talvez Roberta tivesse expectativas mais altas do que o recomendado.
Encontro surreal! Roberta foi muito boazinha Kkkkk
Ela foi se deixando levar, pelo que parece.
Pqp! Respondi a enquete antes de ler! Que lesada eu! Passei da idade desse tipo de “aventura”!!! Kkkkkk
Não clique em nada sem ler antes!
Seu repertório e senso de humor estão ótimos!
Muito obrigado! Se puder divulgar, agradeço!
Esse tipo de homem já deveria estar extinto! Credo!
Há quem goste e aprecie. Até quem os prefira!
Dr. o senhor tem aproveitado bem suas perguntas e enquetes. Sua imaginação, consegue organizar bem , a informação que coleta há algum tempo! Ficou muito bom! Tem seu toque de ironia, humor e sinceridade! Tem até a sacanagem que você mantém velada.
Com certeza um conto do Dr. Sigmund Freud, o sincero!
Você não faz ideia do quão é difícil manter a sacanagem velada. A vontade é de deixar isso bem às claras.