Leonardo e Patrícia se conheceram pelo Tinder. Ela procurava um relacionamento sério. Ele, sexo fácil. Já nas primeiras conversas ficou clara a distância entre o que eles queriam. Enquanto Patrícia queria saber mais sobre a vida dele, Leonardo insistia que ela mandasse fotos nuas e que fosse visitar seu apartamento.
O papo esfriou e ela já estava desencanada quando, dias depois, ele voltou à carga. Patrícia estava mais disponível naquela noite e a conversa fluiu. Ela se manteve firme em não enviar as fotos que ele pedia, mas aceitou receber as dele. Ficou impressionada. O rapaz era bonito. Quer dizer, o rapaz tinha um pinto bonito, porque foi só isso que ele mostrou.
Ela entrou na onda dele, para ver até onde ia, e se divertiu com a desenvoltura dele na troca de provocações de cunho sexual. Se ele realmente fizesse metade daquilo que estava prometendo, a transa ia ser bem quente, pensou ela. Ficaram mais de duas horas nessas provocações. Quer dizer, Patrícia provocava e ele se soltava. O rapaz estava com o tesão à mil e não se continha.
Quando ele aumentou a insistência para se encontrarem, Patrícia jogou um balde de água fria e encerrou a conversa. Tinha que dormir e acordar cedo para o trabalho na manhã seguinte. Ele ficou chateado, afinal tinha certeza que iria convencê-la a ir até seu apartamento e passar a noite com ele. Chegou a dispensar uma vizinha que queria visitá-lo, para não correr o risco das duas se encontrarem. Pensou em bloqueá-la, mas não o fez.
No dia seguinte, a caminho do trabalho, Patrícia mandou uma mensagem de bom dia e retomaram a conversa, dessa vez com ele um pouco mais calmo. Leonardo foi se abrindo, principalmente quando percebeu que essa sua versão bom moço agradava. Tomou o cuidado de saber um pouco mais sobre ela e descobriu que trabalhavam em escritórios próximos. Convidou para um almoço, que ela recusou.
Os dias se passaram e a rotina seguiu: ela começava as conversas mais amenas pela manhã e ele esquentava o papo à noite. Quem lesse as conversas não acreditaria que eram as mesmas pessoas.
Semanas depois, ela aceitou o convite para o almoço. Estava curiosa e até um pouco tocada pela insistência dele. Imaginava que ele iria sumir depois de alguns dias desse chove não molha que ela conduzia. Do seu lado, Leonardo sabia que só conquistaria Patrícia com paciência. E estava decidido a conseguir.
O almoço foi mais agradável do que os dois esperavam e quase perderam a hora de voltar para o trabalho. Leonardo era calmo e de bom papo pessoalmente. Soube conduzir a conversa e conseguiu muitos risos de Patrícia. Quando ela se pegou rindo e ajeitando o cabelo, percebeu que não ia conseguir fugir dos convites mais ousados dele por muito tempo. A próxima conversa noturna foi mais intensa e ela o presenteou com a primeira foto mais ousada. Nada que a identificasse, nem que mostrasse muito, mas para ele foi como uma garrafa de água gelada no meio do deserto.
Ela ainda resistiu por mais uma semana, tempo de mais dois almoços igualmente agradáveis, até que aceitou o convite para jantar com ele na sexta. Leonardo morava com a mãe, viúva, e aproveitou a ida dela à casa de parentes no interior para preparar um jantar para Patrícia. No quarto da mãe, lençóis novos na cama de casal, meia-luz e até um incenso para aromatizar o ambiente.
Patrícia sabia onde estava se metendo e estava de bem com isso. Mas manteve a personagem quando chegou e não deu sinais de que estava ali para nada mais do que o jantar. Ele caprichou: fez uma massa com molho de quatro queijos e escolheu um bom vinho para acompanhar. De sobremesa, trouxe morangos com sorvete. E foi brincando de colocar o morango na boca dela que deram o primeiro beijo. Dali para o quarto, foi tudo muito rápido e em pouco tempo estavam transando loucamente.
Foi intenso e os dois se divertiram muito. Quando Patrícia fez menção de ir embora, ele a abraçou e a convidou a dormir ali, prometendo um café da manhã na cama no dia seguinte. Ela sorriu e dormiram abraçados.
Patrícia acordou com Leonardo se esfregando nela, já pronto para mais ação. Gostou do que sentiu, se ajeitou e deixou que ele entrasse nela. Foi uma transa mais calma, mas muito gostosa. E só quando ele gozou dentro dela é que Patrícia percebeu que ele não estava com camisinha.
-Porra, Leonardo. Cadê a camisinha?!
-Putz, esqueci. Mas não esquenta. Não dá nada não. Não tenho nenhuma doença.
-E se eu engravidar, Leonardo?! Tá maluco?!
-Se acontecer, vai ser um bebê lindo. Mas vou comprar a pílula para você.
Aquilo realmente incomodou Patrícia, que se levantou, tomou banho e foi para casa, mesmo com a insistência dele para o café da manhã. A caminho de casa, ela fez as contas e percebeu que as chances de estar nos seus dias férteis eram mínimas.
Leonardo voltou a procurá-la no final de semana e ela não respondeu. Estava muito chateada. Nas mensagens, ele pedia desculpas e insistia para que ela tomasse a pílula do dia seguinte.
Na segunda de manhã, Patrícia não mandou a costumeira mensagem de bom dia e Leonardo percebeu que realmente tinha pisado na bola. Decidido a consertar o estrago, esperou Patrícia na saída do seu escritório,na hora do almoço, com um buquê de flores nas mãos. Fez uma cena, ajoelhou-se na frente dela e a pediu em namoro, na frente dos colegas. Entre constrangida com a cena e feliz com a atitude dele, ela aceitou, sob as palmas dos colegas animados com a atitude do rapaz.
Patrícia morava sozinha em um apartamento pequeno e Leonardo praticamente se mudou para lá. Os primeiros dias foram intensos, de muito sexo, e ele não deixou de usar a camisinha em nenhum momento. No final de semana ela havia programado visitar os pais no interior, mas ele sugeriu que ficassem juntos. Ela topou e deu uma desculpa de trabalho extra para a mãe, comprometendo-se a visitá-los na semana seguinte. Para sua surpresa, Leonardo saiu cedo no Domingo para assistir uma partida de futebol e só voltou no final do dia, bêbado. Patrícia ficou chateada, mas relevou – ele gostava muito de futebol e ela não queria ser a namorada chata.
O namoro seguiu de vento em popa e Leonardo ocupava cada vez mais espaço no apartamento dela. Até que Patrícia se deu conta de que sua menstruação estava atrasada há mais de uma semana. Assustada, fez o teste e o mundo sumiu debaixo de seus pés: estava grávida.
Leonardo não reagiu bem à notícia.
-Porra, Patrícia! Eu falei para você tomar a pílula!
-Mas eu não tomei, Leonardo. E agora não adianta mais. O que você vai fazer?
Leonardo insinuou que ela deveria abortar e Patrícia o colocou para fora do apartamento. Não havia a menor chance dela considerar isso. O namoro e o encanto dela com ele terminaram ali, naquele momento.
Alguns meses depois, Leonardo voltou a procurá-la, dizendo que queria participar e ajudar. Patrícia apreciou o gesto e aceitou, deixando claro que não haveria mais nada entre eles. Sua mãe estava morando com ela, desde que soubera que seria avó, e isso ajudou a impedir que Leonardo tivesse qualquer liberdade no apartamento.
Quando descobriram que seria um menino, Leonardo ficou muito empolgado e já foi logo avisando:
-Vai se chamar Cássio, em homenagem ao maior goleiro do Timão!
Aquela era mais uma atitude dele que Patrícia não gostou. Não era a primeira. Ele já havia tentado entrar em seu quarto, insistia para que voltassem a transar e até apareceu bêbado em sua casa.
Nos meses seguintes, as coisas não melhoraram e Patrícia tinha certeza que Leonardo não era um homem adequado para ela. Sabia que teria problemas com ele, mas reconhecia que ele era o pai e não iria impedi-lo de acompanhar a gravidez e fazer parte da vida do garoto.
Faltando uma ou duas semanas para o bebê nascer, Leonardo chegou eufórico, mostrando a tatuagem que fizera no braço. Em letras enormes, tatuou CÁSSIO, AMOR MAIOR DO MUNDO.
-É o nome do meu filho!
Ele não parava de exibir a tatuagem e Patrícia ficou horrorizada com a cena.
Chegou o dia do parto e Patrícia teve a companhia de sua mãe. Leonardo só apareceu no hospital horas depois, visivelmente embriagado. Disse que estava em um pagode com os amigos e o celular estava sem bateria. Até sua mãe, que chegou antes dele, demonstrou chateação com a atitude do filho. Ele tentou se desculpar, deu uma olhada no bebê, fez uma selfie mostrando a tatuagem e o bebê ao fundo e se foi.
No dia seguinte, antes de ir para casa, acompanhada de sua mãe, Patrícia pediu ao taxista para que se dirigisse ao cartório de registro. Com o filho no colo, foi rapidamente atendida. Feitas as conferências de praxe, a escrivã perguntou:
-E qual o nome da criança?
-Marcos, disse Patrícia, com um sorriso no rosto.
Compilação de histórias! A leitura foi fácil, fluída, entretém, apesar do final previsível, afinal a história da tatuagem é un clásico!
ops! Clássico!
Obrigado. É um clássico, sem dúvida. 🙂
Quero a continuação do história!
Escolher o nome do goleiro do time rival foi uma provocação e tanto!
Kkkkkk
Pois é. Eu também fico imaginando a reação dele quando descobrir. 🙂